quarta-feira, 20 de maio de 2020

Sobre ganhar meias [Crônica]

Todas as pessoas mudam ao longo de suas vidas. Não apenas fisicamente, mas psicologicamente. Nossas concepções e visões de mundo se alteram conforme vivenciamos novas experiências e emoções. A valoração de objetos e ações também são modificadas conforme envelhecemos.

Uma das maneiras mais simples e banais de perceber essas mudanças comportamentais que ocorrem em nós é quando ganhamos meias de presente. Sim, isso mesmo. Bobo, não?

No último natal um dos meus presentes foi um pacote com várias meias. Se o presenteado fosse um dos meus filhos expressariam seu descontentamento ali mesmo, do mesmo modo se ganhassem roupas (crianças são bastante verdadeiras, muito diferente dos adultos que ocultam suas emoções – outra grande diferença de mudança de personalidade), mas como foram para mim gostei. E muito (estranho, não?).

Logo pensei que ter mais pares de meias iria facilitar o meu dia-a-dia. Não precisaria estar lavando sempre. Conforme fossem sujando, as acumularia e, então, lavaria tudo de uma vez no final de semana, por exemplo.

Quando crianças não temos essa outra preocupação: lavar roupas, mas, como disse, nossas concepções/comportamentos mudam com a idade e passamos a ver o mundo de uma outra forma. Até o ponto de achar que quem te deu meias de presente tem grande estima por você.


quarta-feira, 13 de maio de 2020

Paradoxo não é paradoxo [Crônica]


Paradoxos... Não, não falarei sobre a figura de estilo ou de pensamento que estudamos nas disciplinas de língua portuguesa ou de literatura que é relacionada à antítese, falarei sobre o paradoxo conceituado como uma declaração aparentemente verdadeira que nos leva a uma contradição lógica, ou uma situação que contradiz com o pressuposto anterior.
Ele é “o oposto do que alguém pensa ser verdade”. Os paradoxos rondam nossa vida por completo, eles estão na matemática, no português, em determinadas ações, nos pensamentos e até na física quântica, como podemos ver no princípio da incerteza de Heisenberg, que impõe restrições à precisão com que se podem efetuar medidas simultâneas de uma classe de pares de observáveis, ou seja, não podemos ao mesmo tempo saber a velocidade e a posição de um elétron, por exemplo. Ou no gato de Schrödinger que pode estar vivo ou morto. Ou o frasco com auto-fluxo de Robert Boyle, preenche a si próprio.
Outro paradoxo bastante difundido é o da propriedade da luz, uma vez que, segundo Einsten, ela pode se comportar tanto como partícula como onda, pode-se dizer, então, que a propriedade da luz é paradoxal.
O filósofo e lógico americano Willard Quine separou os paradoxos em três classes: Os paradoxos verídicos, os falsídicos e as antinomias, mas isso não vem ao caso nesse momento.
O paradoxo que quero mesmo falar é o “Paradoxo do Pinóquio”. Não lembro quando vi esse paradoxo pela primeira vez, mas foi algo que naquele momento me impactou, tamanha a sacada.
O Pinóquio diz: - “Meu nariz crescerá agora”.
Se o que o Pinóquio diz é mentira, então seu nariz crescerá realmente, mas se o nariz crescer é porque ele falou uma mentira, mas não foi mentira o que ele falou, afinal cresceu, então não deveria cresceria, mas se não cresce a afirmação passa a ser falsa e entramos no looping característico do paradoxo.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Embalador de caixa de supermercado [Crônica]


Existe um certo preconceito em relação às pessoas que, como eu, embalam suas próprias compras no supermercado. Pelo menos na região em que moro.
Grande parte desse preconceito vem por parte dos próprios embaladores ou dos caixas dos supermercados. É como se eu estivesse me intrometendo no trabalho deles. Os olhares dirigidos a mim, tenazes, são o bastante para indicar a insatisfação presente em suas mentes.
Estaria eu tirando, mesmo que por um breve momento, o propósito de vida daqueles trabalhadores? Too Much, certo? Chega a ser arrogante de minha parte pensar assim.
Certamente deve ser algo que a gerência não quer que os clientes façam. Por que será? É o propósito para o qual estão ali? Aí vou eu de novo. Chegamos a um looping de relações patronais.
Outros clientes também me olham com uma visão que indica que estou fazendo algo de errado, de que eu não deveria estar fazendo aquilo. Um intrometido ou enxerido, dependendo da região em que você mora no país.
Estou embalando as minhas compras, que comprei com meu dinheiro, por que não posso fazer com elas o que bem entender? Arrogância de novo?
Em outras regiões do país, a questão é diferente. O comum é você embalar suas compras. Os embaladores estão ali para te ajudar e não para te impedir que faça. Existe uma aura de maior naturalidade nisso, sem desgaste emocional.
É algo bem peculiar.

sábado, 2 de maio de 2020

The Willoughbys [Cinema]

Quantas referências! Sim, é assim que vou começar a minha resenha desse filme.
The Willoughbys é um filme de 2020, de comédia, dirigido por Kris Pearn e co-dirigido por Rob Lodermeier, lançado pela Netflix, em animação, que conta a história da família Willoughby. Reconhecida por apresentar bigodes bastante proeminentes, a geração atual da família, cuja linhagem é a do pai, não tem bigode e não gosta de crianças! Tanto pai, quanto mãe, chamados no filme de Pai e Mãe, detestam seus filhos! (Aí já começam as referências). As crianças se veem obrigadas, e decidem serem órfãos! Realmente, essa parte foi pesada, pensei no pior, mas não vou dar tantos spoilers nesse texto. Vou relatar mais sobre as referências, mesmo.
Em “The Royal Tenembaums”, filme do diretor Wes Anderson, temos uma família que possui muitos problemas e que moram em uma casa grande, clássica, velha, assim como em The Willoughbys. O fato dos pais tratarem mal as crianças é bem “Desventuras em série” e, um pouco de “Harry Potter”, claro que em nenhuma dessas obras são os pais os responsáveis pelos maus tratos, mas ainda assim, eram pessoas da família, ainda assim acredito que o filme faz referência a essas obras.
Outras referências que encontrei durante o filme foram ao Agente Smith de “Matrix”, no longa na verdade é uma mulher (com suas cópias) que trabalha para o serviço de órfãos; a “Fantástica Fábrica de Chocolate” junto com Willy Wonka também são referenciados quando aparece um ser um tanto quanto exótico, que vai ter uma parcela bastante significativa e importante no filme.
Também achei que “Meu Malvado Favorito” aparece no filme sob a forma dos minions, já que os gêmeos se parecem muito com estes e a casa em si, rodeada de prédios e o modo como ocorre uma perseguição mais para o final do longa, lembram “Up! Altas Aventuras”.
Enfim, achei uma super colcha de retalhos, mas que não estragam a experiência do filme em si. A história começa, ao meu ver pesada, por isso talvez que a classificação é 10 anos e não livre, apesar de ser uma animação dita “para crianças”, é necessário uma certa maturidade por parte dos pequenos para assistirem a esse filme.
A animação parece um pouco com stop motion, porém a técnica usada na produção foi computação gráfica mesmo. O filme foi baseado em um livro de mesmo nome escrito por Lois Lowry.
Espero que tenha lhe ajudado a decidir se vale ou não a pena assistir ao filme. Para mais informações acesse aos links a seguir:

Fiquem com o trailer:


Até!