domingo, 15 de novembro de 2020

Vivemos à beira do caos [Crônica]

             O título desse texto é bem démodé mesmo. Inúmeros autores/artistas já falaram sobre isso. Não que me considere um autor ou artista, mas hoje chegou a minha vez. Vivemos à beira do caos.

Por mais que a nossa vida seja organizada. Cheia de listas, trackers, agendas, alarmes no celular, planners, entre outras bugigangas utilizadas para se organizar o tempo, haverá um momento em que ela pode descambar para um ponto que você nem esperava.

É algo bastante atrelado ao que falo sobre o “não vai acontecer comigo”. Ou como o dito popular “pra morrer, basta estar vivo”. Não sabemos a hora, a ocasião, ou mesmo os eventos que impiedosamente nos levariam para lá, mas existe um ponto (ou vários) em que nossa vida sai dos trilhos e nos deparamos no caos, somos arremessados e caímos da maneira mais bizarra e incrédula possível.

Basta estar tudo bem para que as coisas desandem. A vida é como uma corda esticada ligando dois pontos. O início e o fim. Só que o que a gente, muitas das vezes não ver (ou não quer ver), é que as extremidades da corda estão amarradas entre dois arranha céus, ou para a imagem mental ficar mais bonita, entre duas montanhas imensas. Nós somos como um equilibrista vendado que se encarrega de atravessar à vida, flertando com o perigo, muitas vezes sem saber que ele está ali.

É uma doença que surge do nada. É um acidente no trânsito ou no trabalho. Um assalto. Uma chuva que cai e que molha os papéis do seu trabalho. Enfim, são tantos eventos que agem como o vento, naquele equilibrista, tiram ele de rota e, se a venda cai ou ele milagrosamente recupera a visão, vê a queda diante dele e apesar de todo o seu esforço, vai cair.

Pode se salvar? Pode. Nós podemos e o fazemos todo dia. Algumas vezes são acontecimentos ex machina, outros dependem de nosso esforço em se contorcer e segurar a corda. Talvez eu seja um sujeito pessimista e vejo a vida como o copo meio vazio, para outros a possibilidade do descarrilhamento iminente é o que torna a vida digna de ser vivida.