quarta-feira, 29 de abril de 2020

Dias nublados logo passarão [Crônica]


Às vezes, quando os problemas surgem em nossas vidas, achamos duas coisas: 1) eles nunca passarão e 2) são piores do que os de qualquer outra pessoa.
Os dois pensamentos estão completamente errados.
Sim, em algum momento eles passarão. É como a chuva que cai e que pode durar a noite toda, mas haverá um dia que o verão chega e a chuva já não está mais ali. Às vezes não nos damos conta disso, só quando o calor permite que tenhamos uma sensação diferente é que notamos: as chuvas acabaram.
Todos têm problemas. Não queríamos, mas todos têm. Só que temos a tendência de achar que somente os nossos importam e são piores, mas apenas pelo fato de sermos nós a suportar o peso desses problemas. É como se andássemos com uma balança para problemas e, durante as conversas, a usamos para verificar (de maneira nada balanceada) que realmente os nossos problemas são maiores.
É o problema do egocentrismo.
Há pessoas que deixam isso muito claro, enquanto outras sabem esconder bem essa reflexão.
Mas a chuva cai sobre todos.
Poucas são as pessoas que tem essa noção e tendem a apresentar maior empatia.
Para uma vida melhor nada como aproveitar até mesmo o momento da tempestade, aproveitar para aprender, para se tornar mais forte, e que quando a chuva passar, e sim ela irá passar, você perceberá o quanto cresceu. É como a relva que precisa da chuva para crescer e ela estava lá.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Man 2020 [Curta]

Vivemos em uma pandemia. O novo coronavírus trouxe mudanças radicais na sociedade e na rotina de boa parcela das pessoas ao redor do mundo. Muitas mortes vieram estão ocorrendo. O lado horrível e pesaroso desse momento.
Ainda bem que é possível, com tudo isso que vem ocorrendo, ter um lado positivo para se notar. Com o homem isolado socialmente a natureza agradece.
É aí que entra o novo curta animado de Steve Cutts. Em 2015 falei sobre Man, aqui nesse post. E, agora em 2020, temos um retorno daquele homem nesse momento de pandemia. Em pouco mais de um minuto, Cutts sintetiza boa parte do que vem ocorrendo com a ausência da força devastadora do homem no meio ambiente.
Um homem em isolamento, que só come, assiste TV, conta os dias da quarentena, estoca papel higiênico, enquanto a natureza respira. Vamos ao curta!


Espero que tenham gostado dessa indicação e, se possível, fique em casa. Vamos fazer a nossa parte contra o avanço do novo coronavírus e achatar a curva da infecção.

Quer saber mais sobre o conteúdo que eu produzo? Acesse http://linktr.ee/lourivaldias

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Invisíveis e tão importantes [Crônica]


Existem “n” coisas importantes para nós, mas que são invisíveis. A ciência, por exemplo, vive lidando com isso. Oxigênio, enzimas digestivas, gravidade, micro-organismos, enfim, uma miríade de coisas que nem sabemos se estão ali, mas que estão, fazem parte da nossa realidade e nos permitem viver ou morrer.
Na sociedade também há essas figuras. Mas aqui não estou falando de átomos, moléculas ou forças naturais. Falo de pessoas. Uma porção delas contribuem, com o seu trabalho, para nos permitir viver.
Aí entram garis e lixeiros, que evitam a proliferação de doenças através da coleta de lixo, inclusive arriscando suas próprias vidas. Os caminhoneiros, que fazem o translado de uma série de materiais de um ponto a outro de nosso país de dimensões continentais. Alimentos e remédios estão entre tantos desses produtos transportados por esses profissionais e que são imprescindíveis para a nossa vida. Os profissionais da saúde, que muitas vezes perdem a sua identidade quando usam o uniforme e daí não conseguimos diferenciá-los, mas que estão ali com o objetivo de nos ajudar a alcançar a saúde.
Nesse texto vou esquecer de uma série de outros profissionais que estão invisíveis para nós, mas que se eles não existissem em nossa realidade, muito provavelmente não estaríamos aqui. Que possamos ser gratos pela sua existência.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Computador de papel [Crônica]


Ou sou do papel ou quando a inspiração vem não tenho acesso ao computador. Hoje, tudo é computador. Quero me divertir: computador. Preciso trabalhar: computador. Vou namorar: computador. Tenho que estudar: computador.
O papel, esse foi abandonado. Quase não se usa. Seu uso é comparável a um pecado. A sustentabilidade é uma religião. E a Terra o seu deus. Gaia. 1992.
Gosto dessas relações. Começo relatando meu problema de inspiração ao computador e chego no Rio de janeiro dos eventos climáticos e ambientais.
Sou de uma geração que ainda tem – carrega consigo – uma grande familiaridade com o papel. Mesmo diante do computador precisa de uma folha de papel do lado para tomar notas. Seja tarefas, fazer contas rápidas, anotar números de telefone ou frases a serem usadas – ou quase nunca são – em relatórios. E, às vezes, o uso não é pouco. Textos inteiros são feitos usando uma folha de papel.
É flertar com o futuro e com o passado, enquanto passa o tempo, como dizia frequentemente o filósofo Cazuza.
Para outros o computador chegou para substituir o papel. Menos árvores cortadas. Melhor para o meio ambiente. O computador, promove desenvolvimento tecnológico, controla diversas máquinas, impulsiona a economia e a produção. As fábricas se tornam mais modernas, mais tecnológicas, produzem mais. Pior para o meio ambiente.
O computador é a faca de dois gumes da sociedade contemporânea.
O papel um viajante do tempo, humilde, simplório, mas útil naquilo que se propôs a fazer.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Nunca vai acontecer comigo [Crônica]


Esse é um pensamento bastante comum. Se algo é extraordinário, peculiar ou estranho, não “acontecerá comigo”. Imaginamos o universo girando ao nosso redor. Imaginamos que somos especiais e é por isso que doenças/perigos/acasos/desastres “não acontecerá comigo”. Só com os outros. Pois os outros são os outros e é o que vejo no jornal. Sempre uma história de alguém que nunca vi.
Até tinha esse pensamento comigo, até quando o inesperado “aconteceu comigo”. Parece história de cinema de tão peculiar que foi. Então, se me permitem, compartilharei o que ocorreu.
Estava de férias com minha família em São José, Santa Catarina. Às vésperas da nossa viagem de retorno para Belém, e então Capanema no Pará, meu filho mais velho começou a passar mal. Enjoo, dor de barriga, falta de apetite. Todos começaram a se perguntar o que será que ele tinha comido para sentir aquelas coisas. A culpa caiu em cima de um suco de laranja e um ovo frito. Malditos.
Tomou remédio, mas os sintomas não arrefeceram. A saída era ir para o hospital. A viagem seria na madrugada. Era importante ele melhorar para seguir viagem e então, uma vez no destino, consultaríamos na urgência. Afinal, era apenas uma dor de barriga, no máximo uma intoxicação alimentar. Quem nunca passou por um episódio em que “a comida não caiu bem”?
A dor arrefeceu, após vários remédios. Uma médica chegou a especular que aquilo seria emocional, já que estávamos de partida, as férias estavam chegando ao fim, e o retorno de um local tão bonito e divertido teria tal efeito na criança. Achamos estranho, conhecemos nosso filho, ele nunca foi de ter essas crises emocionais.
Sentindo-se melhor conseguimos embarcar. Seria uma viagem de cerca de seis a sete horas de Florianópolis até Belém, com uma conexão em Guarulhos.
Foi no avião que a história começou a mudar realmente. Meu filho voltou com os sintomas, só que dessa vez mais severos. A dor era tão intensa que ele estava quase desfalecendo-se. Pousamos na conexão e corri para o posto médico do aeroporto com ele em meus braços, pouco me importando com quem estava ao meu redor ou em quem esbarrava. Queria um médico para ver o que meu filho tinha!
Quando o médico o examinou disse as palavras que eu nunca esperava que fosse escutar em minha vida, durante uma viagem, pior ainda, em um local em que não tinha família e qualquer apoio: “Ele está com uma inflamação na região da barriga, deverá ser removido para um hospital”.
Aquelas palavras nos derrubaram. Isso já tem alguns anos, mas lembro perfeitamente todo o processo. A espera no aeroporto, a remoção de ambulância para o hospital, a espera no hospital, a ausência de comunicação com minha esposa que entrou com nosso filho (eu tinha perdido meu celular em um parque de diversões famoso de Santa Catarina), até a chegada da (outra) notícia: “Seu filho está com apendicite e está indo para a sala de cirurgia nesse momento”.
Cirurgia durante a conexão.
Caso a minha vida fosse uma série de televisão assim seria o título desse episódio.
Foi aí que repensei a ideia de que “isso nunca vai acontecer comigo”. É um mito, uma trapaça da mente humana. Sim, tudo é possível de acontecer com você. Quem diria que meu filho, em viagem, na volta das férias, em uma conexão, tivesse que realizar uma cirurgia?
O episódio, além de me ensinar uma nova mentalidade, instaurou em mim uma noção muito maior de empatia, principalmente para aquelas pessoas que estão sofrendo por alguma coisa que ocorreu em suas vidas.
Tudo ocorreu bem, apesar dos grandes percalços, passamos 11 dias em Guarulhos, e voltamos pra casa com um aprendizado. Sim, é possível que aconteça comigo.

domingo, 5 de abril de 2020

Kinga Glyk [Música]


Kinga Glyk é uma baixista polonesa, compositora de jazz com 23 anos, mas que apesar da pouca idade já se encontra em atividade desde 2009.
Começou tocando na banda da família “Glyk P. I. K. Trio”. Mas de maneira solo foi somente em 2015, aos seus 18 anos, com o álbum “Registration”.
Passou a tocar com seu próprio trio (ela no baixo e mais piano e bateria) e em 2016 veio seu segundo álbum, dessa vez um ao vivo, “Happy Birthday”.
É considerada “a grande esperança do Jazz Europeu” e passou a ter grande reconhecimento e notoriedade a nível mundial quando seu vídeo no YouTube, em que toca “Tears In Heaven” de Eric Clapton, viralizou.


Em 2017 veio o álbum “Dream” e em 2019, seu mais novo lançamento, chegando a ter turnê internacional, “Feelings”.
Quem utiliza o aplicativo de stream de música Deezer e procurar pelo estilo New Funk vai ver Kinga Glyk ilustrando a capa do gênero.
Com seus solos rápidos, usando as cordas mais baixas do baixo e slaps velozes constrói melodias difíceis de esquecer.
Atualmente minhas músicas favoritas são Let’s Play Some Funky Groove e Joy Joy que tem clipe no YouTube.


Espero que gostem de seu estilo. Comentem aí embaixo o que acharam.
Até!

quarta-feira, 1 de abril de 2020

A vida imita a arte [Crônica]


Vivo a época do Coronavírus. E até o momento foi tudo tão surreal.
Sempre fui um apaixonado por filmes e séries, principalmente dos gêneros de ficção científica e mundo pós apocalíptico. Às vezes nos envolvemos tanto com os personagens que acabamos nos colocando no lugar deles, acredito que é normal para boa parte das pessoas que também acompanham esse tipo de conteúdo. Daí chegou o COVID-19 no Brasil. Recomendações: lavar bem as mãos, usar álcool em gel, ficar em quarentena, não sair de suas casas, ficar em isolamento social.
É aí que a vida imita a arte.
Até então ir ao supermercado era uma coisa normal, corriqueira. Agora é algo perigoso, você não sabe o que pode encontrar lá fora. E não são criaturas como zumbis ou vermes gigantes que estão à espreita, mas um vírus, invisível a olhos nus, que geral danos graves ao sistema respiratório, acarretando até a morte dos infectados.
Os produtos começam a escassear. Já não encontrei mais álcool em gel no supermercado. Em outros estados falta papel higiênico. Várias pessoas têm feito estoques de diversos produtos em suas casas. E aí vem outro receio: a comida irá durar ou mesmo terá alimento para todas as pessoas?
Existe toda uma aura negativa no ato de sair de casa. Ou mesmo ficando dentro de casa e se pondo a imaginar todas as situações que por ventura podem vir a ocorrer. É um episódio de Walking Dead misturado com Black Mirror e Twillight Zone.
E a situação está apenas começando no Brasil. Não sei como irá terminar ou quais os caminhos que serão trilhados daqui pra frente. Escrevo isso no 21º dia de coronavírus no país e, ao meu ver, pouquíssima coisa foi feita por parte do governo.
Quando pego o jornal o terror vem à tona também. São várias as possibilidades futuras, por causa da doença: cortes salarias, fechamento de empresas e pequenos negócios, diminuição ou nenhum lucro, perigo e facilidade de contágio em diversos setores da sociedade, enfim, são diversos cenários que não tornam a situação atual melhor.
Não sei quanto tempo isso irá durar, não sei se sobreviverei pra contar a história, para mim só resta esperar.