quarta-feira, 15 de abril de 2020

Computador de papel [Crônica]


Ou sou do papel ou quando a inspiração vem não tenho acesso ao computador. Hoje, tudo é computador. Quero me divertir: computador. Preciso trabalhar: computador. Vou namorar: computador. Tenho que estudar: computador.
O papel, esse foi abandonado. Quase não se usa. Seu uso é comparável a um pecado. A sustentabilidade é uma religião. E a Terra o seu deus. Gaia. 1992.
Gosto dessas relações. Começo relatando meu problema de inspiração ao computador e chego no Rio de janeiro dos eventos climáticos e ambientais.
Sou de uma geração que ainda tem – carrega consigo – uma grande familiaridade com o papel. Mesmo diante do computador precisa de uma folha de papel do lado para tomar notas. Seja tarefas, fazer contas rápidas, anotar números de telefone ou frases a serem usadas – ou quase nunca são – em relatórios. E, às vezes, o uso não é pouco. Textos inteiros são feitos usando uma folha de papel.
É flertar com o futuro e com o passado, enquanto passa o tempo, como dizia frequentemente o filósofo Cazuza.
Para outros o computador chegou para substituir o papel. Menos árvores cortadas. Melhor para o meio ambiente. O computador, promove desenvolvimento tecnológico, controla diversas máquinas, impulsiona a economia e a produção. As fábricas se tornam mais modernas, mais tecnológicas, produzem mais. Pior para o meio ambiente.
O computador é a faca de dois gumes da sociedade contemporânea.
O papel um viajante do tempo, humilde, simplório, mas útil naquilo que se propôs a fazer.

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