terça-feira, 17 de julho de 2018

Guerra do Velho [Livro]

A Guerra do Velho, de autoria do italiano John Scalzi, lançado no Brasil pela editora Aleph, faz parte de uma série de ficçāo científica bastante extensa de vários livros e aborda diversos temas como só a ficção científica, historicamente, consegue abordar:

Aprimoramento genético. Imagina você ter um corpo forte, ágil, rápido, com um computador mental, sangue capaz de sustentar a vida por um longo período sem oxigênio, e capacidade de fazer fotossíntese como em Knights of Sidonia? Tudo isso você encontra no livro. 

Clonagem. Já pensou em se clonar? Já pensou em ver o seu corpo morto e sua mente em um corpo super saudável? Quais as implicações éticas para o processo? Nesse volume o leitor também é levado a refletir sobre o assunto. 

Transferência de mente. O que você acha de ter a mente de uma outra pessoa no corpo de um ente querido? Durante a leitura esse é uma das possibilidades bizarras desse mundo cheio de tecnologia com que o protagonista se depara. Ele acaba encontrando um ente querido que há muito morrera, mas que hoje tem seu corpo "usado" por uma outra "pessoa". Na verdade a mente é a mesma, mas por conta das experiências divergentes que "ente querido" e "pessoa estranha" passaram, faz com que tenham concepções diferentes. Tanto que aquela nova criatura não conhece aquele que a conhece.

Relação aparência vs bondade. Uma das abordagens da série que mais achei interessante é quando o autor apresenta espécies alienígenas que tem suas aparências e sua moralidade contrastantes. Várias espécies são "fofinhas" em sua morfologia, mas são caçadores vorazes que usam de violência enorme para dominar outras raças. Outras com aspectos hediondos são tão dóceis que mal conhecem o que é violência. Isso é uma das maiores discussões que podemos levar até para os nossos dias. Somos o que parecemos?

Colonialismo. Quem é bom ou mal? Uma extensão do que foi abordado no tópico anterior é a percepção de quem é bom ou mal. Em vários pontos do livro somos levados a pensar se realmente os seres humanos são os "mocinhos" e estariam preocupados com o bem estar da sua e de outras raças. Em uma passagem, uma das mais impactantes para mim, somos apresentados a uma espécie de alienígenas que são cópias nossas, porém em miniatura. Os seres humanos estão lutando com essa espécie pelo domínio de um planeta e até o nosso capitão fica tenso e um pouco paranoico em estar matando aqueles "seres humanos em miniatura" por conta da conquista daquele planeta. Ele chega a questionar suas ações e muitos combatentes chegam a deixar de pensar nessas questões e simplesmente realizar suas missões, sem se indagar se o que faz é bom ou não.

Religião. Apesar de ser um tema tabu para muitos, não deixou de ser citado por Scalzi em sua obra, como já o fora em várias outros livros sci-fi. O tema merece grande reflexão e é abordado de uma forma muito interessante aqui. Uma certa raça alienígena é tida como uma grande rival dos humanos, ela é agressiva e horrenda. Antes de suas batalhas grita vorazmente como que para provocar os inimigos, mas o que ela realmente está a fazer é abençoar aquele local e lutar contra os infiéis para que venham a seguir o que é a verdade. Já ouviu esse discurso por aí?

Ficção científica de alta qualidade, piadas na medida certa e ação com bastante tiroteio e batalhas épicas permeiam esse livro do começo ao fim, vários aspectos da ficção científica, que não são novos, já sendo citados em vários outras obras sci-fi, fazem-se presentes nesta série, mas com uma nova ambientação. Scalzi não inventou vários aspectos que ele apresenta em sua obra, mas soube utilizar como ninguém essas questões nos levando a até refletir sobre nossas ações em nosso mundo.

O próximo volume da série, "As Brigadas Fantasmas", já foi lançada pela Editora Aleph e já está na minha lista de leituras para esse ano.

Espero que gostem do que apresentei e que possam procurar esse livro para ler. É uma ótima diversão. Comente sobre o que achou e compartilhe com seus amigos! Até!

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